Bancários de São Mamede estão de greve
Mesmo com a greve, os bancos devem oferecer serviços
essenciais para os clientes manterem as negociações urgentes com as
instituições financeiras. Além disso, os bancos precisam oferecer serviços
alternativos para pagamento de contas, segundo órgãos de proteção ao consumo.
A advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(Proteste), Tatiana Viola de Queiroz, lembra que a legislação garante aos
clientes bancários a continuidade de serviços essenciais.
Com isso, a compensação de cheques e transferência de
dinheiro entre contas de bancos diferentes, por exemplo, devem ser feitas nos
prazos estipulados pelo Banco Central. “Os bancos não podem parar totalmente”,
disse.
No caso de um cliente precisar resolver algum problema com
urgência e a sua agência estiver fechada, o banco deve orientar sobre outro
local para atendimento com o gerente, diz Tatiana.
Mas, a advogada também lembra que o cliente não pode deixar
de pagar contas porque há greve.
É preciso procurar meios alternativos para
cumprir as obrigações. “Há direito constitucional de fazer a greve, mas sem
prejudicar o consumidor. Mas o consumidor não pode se eximir de fazer os
pagamentos”, disse.
Entretanto, se não forem fornecidos meios para fazer o
pagamento, o cliente terá direito à restituição em dobro do que pagou de multa
e juros, por atraso. Para isso, é preciso juntar provas para ir a um órgão de
defesa do consumidor ou entrar com ação na Justiça.
Entre os meios de provar que o cliente buscou uma forma de
fazer o pagamento, está a ligação para o serviço de atendimento telefônico do
banco. Para isso, ele deve anotar dados como horário, nome do atendente e
número de protocolo.
O assessor técnico da Fundação de Proteção e Defesa do
Consumidor de São Paulo (Procon-SP), Laércio Godinho, ressalta que o consumidor
também pode entrar na Justiça com uma ação de consignação de pagamento, caso
não consiga cumprir a obrigação com o credor. Nesse caso, também é preciso
juntar provas das tentativas frustradas de fazer o pagamento.
“É sempre um transtorno. Mas a melhor forma de o consumidor
agir é tentar um canal de comunicação eficiente, como o SAC [serviço de
atendimento ao cliente] ou ouvidoria das instituições”, disse Godinho.
De acordo com as orientações da Proteste, quem tem conta
para pagar e não dispõe de cartão para uso em caixa eletrônico, pode recorrer
às agências lotéricas e até a lojas de departamentos que aceitam a quitação de
contas.
No caso de o cliente precisar sacar dinheiro na boca do
caixa, deve entrar em contato por telefone com o banco e solicitar uma
alternativa.
Já quem pode movimentar a conta pela internet ou caixas
eletrônicos, não deve enfrentar problemas, durante a greve. Entretanto, no caso
dos caixas eletrônicos, é preciso atenção quanto aos horários de funcionamento.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os
caixas que estão dentro das agências bancárias funcionam até as 22h. Em locais
de grande circulação, como em lojas de conveniência, o funcionamento é 24
horas. A Febraban lembra que os saques noturnos são limitados à R$ 300 e o
valor para saque diurno varia, dependendo da instituição financeira.
Para as pessoas que têm contas atrasadas de tarifas públicas
como água, telefone e energia elétrica, a orientação da Proteste é ligar para
as empresas e negociar uma forma de pagamento. Essas contas poderão ser
quitadas em qualquer banco.
No caso de pagamento de condomínio por meio de boleto
bancário, e se não forem encontrados meios para pagar no banco, a alternativa é
entrar em contato com a empresa administradora do condomínio ou com o síndico,
para que recebam a cota condominial devida, segundo a Proteste.
Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) poderão retirar, como de costume, o dinheiro nos caixas
eletrônicos ou, aqueles que recebem pela Caixa Econômica Federal, podem
procurar as casas lotéricas.
A greve dos bancários de instituições públicas e privadas,
iniciada hoje (19), é por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em
assembleias realizadas pelos sindicatos no último dia 12 e confirmada ontem,
quando foi rejeitada a proposta de reajuste de 6,1% da Federação Nacional dos
Bancos (Fenaban).
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro (Contraf), os bancários reivindicam reajuste de 11,93% (5% de
aumento real, além da inflação), participação nos lucros e resultados (PLR) de
três salários mais R$ 5.553,15 e piso salarial de R$ 2.860,21, entre outras
reivindicações.
A Contraf deve divulgar, no final do dia, um balanço da
greve no país.
Fonte: Agência Brasil
Foto: SãoMamede/Zé Luiz Mineiro
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