Governo Temer discute cobrar mensalidade em Universidades Federais
Depois de congelar pelos próximos
20 anos os investimentos reais em educação e acabar com a CLT por meio da
aprovação do projeto de terceirização geral e irrestrita no País, o governo
Michel Temer quer, agora, cobrar mensalidades em Universidades e Institutos
Federais.
A cobrança foi defendida com
veemência pela secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena
Guimarães de Castro, em reunião com dirigentes da Federação do Sindicato de
Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de
Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes-Federação), no mês passado em
Brasília (DF). As informações estão na página da própria Federação.
“Eu sou de universidade, defendo
a educação pública, mas acho que temos de olhar para a situação real. Não
podemos criar situações incompatíveis com o mundo que estamos vivendo, de queda
de receita, de mudança no paradigma da economia do país. Nós só aumentamos em
folha de pagamento”, afirmou Maria Helena durante a reunião. Logo depois, a
secretária citou as realidades do ensino superior em Portugal, Inglaterra,
França e Alemanha. “Aliás, nem sei ainda que países têm universidades públicas
plenamente gratuitas para todos, independente da situação sócio-econômica. O
Brasil não pode ficar fora do mundo real”, disse.
Para o ex-ministro da Educação do governo Dilma Rousseff Aloizio Mercadante, a proposta de cobrança de mensalidades nas Universidades e nos Institutos Federais é um retrocesso sem precedentes e vai aumentar a exclusão na educação superior. “Esse processo faz parte do golpe que realiza uma ofensiva contra todos os avanços sociais que tivemos na última década, que foram os maiores da história recente do Brasil”, afirmou.
Mercadante disse que na realidade
brasileira, em que o ensino superior é predominantemente privado, o grande
problema para a inclusão e para a permanência dos mais pobres nas universidades
é a renda. “Para enfrentarmos a questão da renda, implementamos programas
fundamentais, como o ProUni, o Fies e a política de cotas, e avançamos de
maneira sem precedentes no resgate de um passado de exclusão social na
educação”, disse o ex-ministro.
Segundo Mercadante, “a educação
brasileira é retardatária, resultado de um capitalismo tardio, marcado por
quase quatro séculos de escravidão e por um passado colonial, que deixaram
cicatrizes profundas em nossa história”.
O ex-ministro recordou que a
Universidade de Bolonha foi fundada em 1088, a de Paris 1170, a de Cambridge em
1290, a de Salamanca em 1218, a de Coimbra em 1290 e nas Américas, Harvard em
1636. “No Brasil, a primeira universidade data de 1920, quando todos os países
da América Latina já possuíam uma ou mais universidades”, afirmou. “Estão
propondo um atraso inaceitável para a educação brasileira. A universidade é
educação, pesquisa, inovação e extensão”, finaliza.
FHC
A necessidade de cobrança de
mensalidade nas universidades federais foi fortemente defendida pelos governos
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 1995 a 2002, período em que Maria Helena
ocupou a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) e a mesma secretaria executiva do MEC.
O assunto ficou fora da pauta
nacional por 13 anos, durante os governos do PT, momento em que as
Universidades e Institutos Federais, em razão do Reuni, experimentaram o maior
crescimento da história.
graduacaodadepressao.com.b
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