Eliseu não agüenta pressão e pede demissão da direção do Hospital Regional de Patos

O médico e diretor do Hospital Regional de Patos Dep. Janduhy Carneiro, Eliseu de Melo Neto, entregou o cargo ao secretário de Saúde do Estado, Waldson de Sousa, no final da tarde desta segunda-feira(04), após não suportar mais as pressões e o caos instalado no Hospital após 14 médicos entregarem seus plantões extras. Foi o que revelou uma alta fonte do HRP.
Segundo a fonte, Eliseu ainda está na Capital nesta segunda, mas deve fazer o anúncio oficial nesta terça-feira. Ele deverá ficar no cargo até a próxima segunda quando a atual diretora da Maternidade Peregrino Filho, Silvia Ximenes, vai assumir a direção do HRP.
O estopim para que o médico pedisse exoneração do cargo foi o levante reiniciado por médicos, cerca de 14 até agora, que entregaram seus plantões extras por não suportaram mais ganhar a metade do que ganha um médico em Campina Grande e João Pessoa.
Os médicos continuam a denunciar que enquanto aqui eles ganham 640 reais por plantão de 24 horas, nas outras duas cidades o serviço é pago por 1.200 reais em João Pessoa e 1 mil reais em Campina Grande.
Um médico que atende no Regional bradou para os colegas: "Se você acha que vale a metade de um médico da Capital, fique aí atendendo". O recado resultou na entrega dos plantões pelos mais de 14 profissionais.
A fonte revelou que as principais áreas atingidas do HRP são as de Cirurgia, Emergência, Anestesia, UTI e Ortopedia.
Resultado: tem dias na urgência que não tem um médico sequer para atender a população, ou então, apenas um. "Seria melhor fechar logo o HRP", disse a fonte de forma revoltada.
Dias atrás, o médico já havia feito uma carta de renúncia que ainda foi entregue ao secretário, mas após reunião na Capital, Eliseu acabou sendo convencido a permanecer no cargo após ouvir inúmeras promessas de Waldson. O diretor clínico Dr. Klauber entregou o cargo neste dia. Há mais de uma semana o HRP está sem direção clínica, o que é ilegal.
Ao entregar o cargo, Eliseu ouviu do secretário que haveria acordo sobre as reivindicações necessárias para um melhor atendimento do Regional, explicando que o encontro havia sido proveitoso.
O secretário de Saúde afirmara naquela oportunidade que o pagamento dos médicos, poderia ser feito através de OS - Organização Social - como já acontece na Maternidade onde um médico vem recebendo 1.200 por plantão na UTI. "A meta seria realizar 25 cirurgias eletivas por semana, fora as oftálmicas", informou Eliseu.
Waldson recebeu do diretor do Janduhy um relatório das necessidades mais urgentes, além de levantamento de todo o custeio do Regional. Falta de médicos, sem condições de trabalho, suspensão de cirurgias eletivas, ameaça de greve por parte dos médicos, são apenas alguns dos graves problemas escondidos até então.
Uma reivindicação de Eliseu de Melo, a implantação das neurocirurgias, também recebeu aval de Waldson, que estudará a forma de contratação desse profissional. A ampliação da UTI foi outra reivindicação posta na mesa do secretário, que já havia se comprometido a atendê-la. Nada disso pelo visto foi atendido.
Com tantos problemas, não restou outra alternativa aos médicos diretores senão ameaçarem entregar seus cargos, o que acabou dando certo naquela oportunidade a partir da promessa constante de melhorias dadas pelo secretário de Saúde.
Mas não foi o que aconteceu. A situação só se agravou e os médicos cumpriram a ameaça e entregaram seus plantões. Com a falta de vontade de negociação, Eliseu entregou o cargo nesta segunda-feira.
Os problemas se agravaram dias atrás quando pelo menos 9 médicos pediram afastamento já que disputarão cargos eletivos nas próximas eleições. Só na ortopedia são três profissionais.
Hora Exata.com

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