“A fatura do DEM!” é o novo artigo de Fabiano Gomes; leia
O governador Ricardo Coutinho surpreendeu a Paraíba com a indicação para a presidência da PBgás do advogado George Morais, o filho mais novo do ex-senador Efraim Morais, também presidente do DEM e o mais novo entusiasta da reeleição do governador. O novo presidente é um garoto brilhante de 33 anos, advogado, mestre em Direito Processual Civil e autor de artigos esparsos sobre temas jurídicos de sua especialidade. Se são elogiados seus artigos sobre questões jurídicas, nada se conhece sobre eventual experiência executiva. A rigor, sua afinidade mais perceptível com a PBgás é a rima de seu sobrenome com o nome da empresa. O que não deve ter importância alguma, tanto que Ricardo Coutinho não hesitou em indicá-lo presidente de uma das mais importantes empresas de energia do Nordeste.
Além de enriquecer o currículo do filho de Efraim, a nomeação serve para dar uma dimensão mais precisa à fatura expedida pela surpreendente adesão do DEM ao projeto de reeleição do governador. Ninguém desconhece a forte rejeição dos socialistas à presença de Efraim em sua chapa, desde 2010. Se não fosse a intransigência de Cássio, que impôs “ou os dois ou nenhum”, Efraim nem candidato teria sido na eleição passada. Foi mas não levou, porque os socialistas não votaram nele.
No Governo, embora nomeado secretário de Infraestrutura, Efraim foi visto mais de uma vez tomando chá de cadeira na antesala do governador, enquanto no gabinete Sua Excelência discutia com outros secretários temas da pasta do ex-senador. Quem não ouviu do ex-secretário e presidente do DEM registros e queixas das humilhações sofridas da parte do Governo e do governador pode ter certeza de que jamais privou da intimidade de Efraim.
Os deputados do DEM já se posicionaram majoritariamente contra a aliança com o governador, cobrando inclusive respeito a um documento assinado em outubro do ano passado, onde se estabelecia que os rumos do Partido seriam definidos não pela Executiva, controlada pela família Morais, mas por um grupo constituído por deputados e outras lideranças. Alguns prefeitos próximos de Efraim, como o de Santa Luzia, primo do ex-senador, já se declararam contrários à aliança com o PSB. Nada disso afastou o ex-senador do projeto de reeleição.
Os mais próximos do governador registram que Ricardo Coutinho tem milhões de argumentos para convencer políticos e partidos a aderirem a sua candidatura. Essa convincente argumentação tem funcionado com muita gente e certamente contribuiu para o ex-senador esquecer suas agruras e desventuras no governo. O engenheiro e ex-professor de matemática Efraim Morais tem se mostrado na política menos afeito ao raciocínio abstrato que a matemática estimula e mais apegado às questões concretas do cotidiano da engenharia. Só o tempo e a gestão do filho dele dirão quanto essa nomeação vai custar à Paraíba e à PBgás.
No Brasil, a utilização política de empresas do setor de energia, como Petrobrás e Eletrobrás, sobretudo, tem causado enormes prejuízos ao País e constantes dores de cabeça ao Governo. Mas isso não deve tirar um minuto sequer do sono do governador. Se a aliança com o DEM der certo para a reeleição, ele terá tempo para recuperar os prejuízos. Se der errado, a cobrança será para outro. Por enquanto o gás que mais interessa é o eleitoral. Que já consta dessa fatura.
Fonte: Blog do Gordinho
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