segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2011, O ANO VELHO PERDIDO


Talvez fosse correto pensar que a Paraíba já tem tantos anos perdidos que perder um a menos ou a mais não faria a menor diferença. De fato, para a Paraíba como Estado essa perda, permeada por muitas ocorridas ao longo dos anos de atraso, poderia não significar muita coisa nem para o mal, nem para o bem.
Mas o estancamento dessa sangria perversa, que compromete o futuro de milhões de pessoas que dependem das boas e corretas ações do poder público e da gestão administrativa, interessa a toda a sociedade, até mesmo àquelas que prosperam por conta própria e em nada dependem dos governos.
Um ano em quatro representa 25% do total, e ninguém cometerá a ignorância de não reconhecer a relevância desse percentual para cima ou para baixo quando se precisar aferir o desempenho governamental e sua influência no cotidiano da população, especialmente dos mais dependentes da máquina pública.
Neste primeiro ano de governo de Ricardo Coutinho, em que não aparece um só projeto capaz de mexer com a economia do Estado e criar novas perspectivas de mudanças, a coisa tem maior gravidade para o imaginário coletivo. É que RC parece não revelar preparo para encarar os desafios históricos dessa Paraíba paupérrima, onde ainda campeiam todas as mazelas e chagas sociais do terceiro mundo. Ele chegou ao governo através de uma virada eleitoral de últimas horas, embalado num clima político de ufanismo em que era apresentado como provável transformador de realidades, ao lado de um ícone popular que sangrava aos olhos dos eleitores e messianizava o candidato a governador e as eleições. Cássio, o pai da cria, estava ferido e martirizado. É comum a ídolos vitimados virarem santo na canonização política do povo. Cássio virou. E iluminou pela cauda do cometa aquele para quem apontava como guardião de todos os seus projetos e sonhos e protetor do cassismo. E continuador de sua obra, ameaçada de extermínio pela fúria maranhista - uma tribo sequiosa que queria tirar do martirizado o escalpe a partir da franjinha.
O SANTO PROMETIDO ERA DE BARRO
Nos folguedos religiosos populares os santos não são de carne e osso. São de barro, mas o povo os conduz em andores como se não fossem simples réplicas cerâmicas e estivessem vivos e obrando milagres. RC, na campanha, foi santificado em cima do andor de Cássio. Era uma espécie de vice santo, se é que santo pode ter substituto. Mas, no governo, disse Cássio ao povo, Ricardo seria seu sucessor.

No governo, portanto, RC teria de ser igual a Cássio para os devotos, e se obrigaria a obrar os mesmos milagres que Cássio fez, além dos outros que não foram obrados por mais ninguém, e nem serão. Foi aí que RC quis refundar a Paraíba, alterar as leis canônicas e modificar o credo cristão. De preferência trocando os andores tradicionais e mandando recolher ao salão dos ex-votos os restos do santo que lhe deu garupa na campanha missionária e messiânica de 2010. Deu errado. Tanto ele quanto Cássio são pecadores, e não santos, a não ser de barro, incapazes de fazer os milagres de que o povo precisa para não agravar suas perdas diante de governos que nunca foram ungidos. Só a unção salva. Tem faltado unção aos políticos.
Mas RC governa trocando a unção pela possessão. Desde os tempos remotos de Zé Américo, no meio do século passado, passando por Buriti, não há registros na história da Paraíba de um governante tão impiedoso e selvagem em sua malignidade contra os servidores públicos indefesos, que nunca estiveram tão expostos, em volume, à sanha de um governante psicologicamente anormal, cruel, frio, perseguidor, manipulador, que não conhece o melhor dom da vida que é a generosidade. Querem o conhecer melhor? Leiam ‘Mentes Perigosas', da psicanalista brasileira Ana Beatriz, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos. Depois me contem.
TUDO PASSARÁ, INCLUSIVE O MAL
Todos sabemos que o bem e o mal ficarão na terra travando esse duelo antes, durante e depois de nossas vidas. É uma luta sangrenta onde só o bem é que sangra, mas é o bem que deve triunfar. Ele sempre triunfará, sob pena de ser negada a existência do próprio Deus. Ou seja, o mal passará.

Na Paraíba, o governante é um homem mau, tirano, obcecado em submeter o próximo a seus caprichos para demonstrar que tem força e poder. Domina uma máquina gigantesca destinada ao bem coletivo que ele usa, alimentada com recursos do povo, para fazer perversidades e produzir a infelicidade até dos que acreditavam e votaram nele. Mas ele também passará.
Dezenas de professores foram demitidos da rede escolar, neste final de ano. Antes foram obrigados a assinar um documento renunciando ao tempo de serviço. Isso não valerá nada diante da justiça. Mas os atos são praticados por um déspota plantonista de palácio que pode assinar ordens infelicitando a vida alheia para que a sua própria possa exibir-se. Para essas vítimas, é como se Jesus tivesse morrido entre o Natal e o Ano Novo, descoberto através daquele recenseamento de Herodes que queria saber onde podia encontrar o menino que deveria ser morto, porque era o Salvador.
 Gilvan Freire
Hora Exata

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