A palavra morreu, mas os líderes vivem sem ela, por Gilvan Freire
Como os lideres subsistem depois que matam voluntariamente sua
própria palavra como sinal exterior
da honra pessoal ou do cargo que exercem, parece ser um verdadeiro fenômeno
humano. Não é comum aos homens, mesmo os mais humildes, valerem alguma coisa
quando sua palavra não vale nada. Quase sempre, um homem sem palavra vale tanto
quanto se expressa inutilmente, ou seja: nada, ou algo próximo a isso.
Nenhum homem,
por mais importante ou rico que seja, pode desvalorizar a sua palavra a tal
ponto que quando quiser saber o que ambos valem, descubra que os dois juntos
valem muito menos do que um só, e que um anula o outro.
Mas é curioso que, às vezes, os bons atributos e importância de
um homem dão a ele uma credibilidade acima do que pessoalmente tem. É ai onde
ele exerce um papel simbólico, representativo dos valores que não tem, mas se
obriga a ter, porque nesse caso, as aparências devem dar uma satisfação aos
demais, por vezes a uma sociedade inteira. No geral, a sociedade cobra de todos
um tipo ou tipos de conduta que são referências e padrões para os outros. Isso
vira código de honra. A veracidade da palavra é um deles, sob pena de se
institucionalizar a mentira e a falsidade como regras sociais de padrão usual.
Seria a inversão dos valores que o povo cultiva como regras e virtudes.
Há situações ainda mais deploráveis. É quando, prevalecendo-se
da importância social que têm, os homens mentem para proteger seus próprios
interesses e para encobrir suas faltas. E , dependendo do cargo ou prestigio do
poder que detenham, levam a sociedade a acreditar que falam a verdade, mesmo
quando contestados por muitos.
Em circunstâncias especiais, quando os homens têm grande
projeção e suas palavras influenciam em negócios de interesse da população e
são determinantes ou decisivos na vida de muita gente, a mentira ou a farsa
reveste-se de grave conteúdo criminológico. Ou porque o mentiroso se apropria
da mentira em proveito próprio, ou porque lesa direitos e interesses dos outros
e das instituições sociais. Nos Estados Unidos, uma mentira de um líder pode
arruinar sua reputação e destroçar sua imagem pública pela vida inteira.
O
POVO NÃO É VACINADO CONTRA FARSANTES
Se não fosse a boa fé das pessoas, os mentirosos não
sobreviveriam. E se não fosse os farsantes, o povo não saberia o quanto eles são
disfarçados e capazes de ocasionar prejuízos.
Na Paraíba de hoje, a relação que está sendo construída entre a
população e o governador do Estado é a mais deteriorada dos últimos tempos.
Durante um século para trás, talvez se diga que Wilson Braga e Buriti - um mais
descompromissado com a ética e o outro menos apegado a gestão democrática -
tenham sido os maiores farsantes, descontado o curto período de governo de
Milton Cabral – seis meses apenas, no tempo de Wilson Braga – que foi o melhor
e menos duradouro exemplo em que a palavra do governador e a moralidade da
administração e honra do cargo foram como a vaca para o brejo. Buriti chegou a
colocar um sinal gráfico perto de sua assinatura para dizer a seus subordinados
quando suas ordens não deviam valer nada. Criou uma marca de desonra para
grafar a palavra escrita e manchar sua firma e biografia.
Na era de Ricardo Coutinho, a primeira desonra vem do silencio
sobre o que o povo tem direito de saber sobre o governo como instituição
democrática. Ele transformou o organismo publico em coisa de sua propriedade
exclusiva. Isso ainda não é uma mentira ou farsa: È um golpe.
Depois RC criou um mecanismo de gestão em que o povo
somente pode conhecer o que ele mostra ou o do que ele fala. Ai, sim, é uma
mentira e uma farsa, porque seu governo tem uma face inteiramente deferente do
que ele mostra e os números são absurdamente divergentes do que ele fala. E
toda vez que o povo tem como saber a verdade, a palavra de RC fica sem valer
nada. Ficam os dois.
De mentiras em mentiras flagradas, todas reiteradas até na
propaganda oficial, RC vai consolidando um estilo de governar em que a verdade
não está a cargo do governante e nem tem a ver com o cargo que ele ocupa. Isso
não é só uma mentira e também uma farsa: é um crime de improbidade, por causa
da desonra à representação política, atentando às regras administrativas e
ofensa aos padrões morais que a sociedade exige dos homens públicos no
exercício das funções delegados.
Mas o povo também é capaz de mentir. E mentiu nas urnas.
Isso é ao mesmo tempo uma farsa. Se não for um crime popular.
Este
artigo integrará o futuro livro:
‘PREVISÕES
POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO
1 comentários:
Esse que se diz "analista político" aí de cima é o pior de todos os farsantes, é um verdadeiro descarado.
O seu comentário é sua total responsabilidade.