Como os lideres subsistem depois que matam voluntariamente sua
própria palavra como sinal exterior
da honra pessoal ou do cargo que exercem, parece ser um verdadeiro fenômeno
humano. Não é comum aos homens, mesmo os mais humildes, valerem alguma coisa
quando sua palavra não vale nada. Quase sempre, um homem sem palavra vale tanto
quanto se expressa inutilmente, ou seja: nada, ou algo próximo a isso.
Nenhum homem,
por mais importante ou rico que seja, pode desvalorizar a sua palavra a tal
ponto que quando quiser saber o que ambos valem, descubra que os dois juntos
valem muito menos do que um só, e que um anula o outro.
Mas é curioso que, às vezes, os bons atributos e importância de
um homem dão a ele uma credibilidade acima do que pessoalmente tem. É ai onde
ele exerce um papel simbólico, representativo dos valores que não tem, mas se
obriga a ter, porque nesse caso, as aparências devem dar uma satisfação aos
demais, por vezes a uma sociedade inteira. No geral, a sociedade cobra de todos
um tipo ou tipos de conduta que são referências e padrões para os outros. Isso
vira código de honra. A veracidade da palavra é um deles, sob pena de se
institucionalizar a mentira e a falsidade como regras sociais de padrão usual.
Seria a inversão dos valores que o povo cultiva como regras e virtudes.
Há situações ainda mais deploráveis. É quando, prevalecendo-se
da importância social que têm, os homens mentem para proteger seus próprios
interesses e para encobrir suas faltas. E , dependendo do cargo ou prestigio do
poder que detenham, levam a sociedade a acreditar que falam a verdade, mesmo
quando contestados por muitos.
Em circunstâncias especiais, quando os homens têm grande
projeção e suas palavras influenciam em negócios de interesse da população e
são determinantes ou decisivos na vida de muita gente, a mentira ou a farsa
reveste-se de grave conteúdo criminológico. Ou porque o mentiroso se apropria
da mentira em proveito próprio, ou porque lesa direitos e interesses dos outros
e das instituições sociais. Nos Estados Unidos, uma mentira de um líder pode
arruinar sua reputação e destroçar sua imagem pública pela vida inteira.
O
POVO NÃO É VACINADO CONTRA FARSANTES
Se não fosse a boa fé das pessoas, os mentirosos não
sobreviveriam. E se não fosse os farsantes, o povo não saberia o quanto eles são
disfarçados e capazes de ocasionar prejuízos.
Na Paraíba de hoje, a relação que está sendo construída entre a
população e o governador do Estado é a mais deteriorada dos últimos tempos.
Durante um século para trás, talvez se diga que Wilson Braga e Buriti - um mais
descompromissado com a ética e o outro menos apegado a gestão democrática -
tenham sido os maiores farsantes, descontado o curto período de governo de
Milton Cabral – seis meses apenas, no tempo de Wilson Braga – que foi o melhor
e menos duradouro exemplo em que a palavra do governador e a moralidade da
administração e honra do cargo foram como a vaca para o brejo. Buriti chegou a
colocar um sinal gráfico perto de sua assinatura para dizer a seus subordinados
quando suas ordens não deviam valer nada. Criou uma marca de desonra para
grafar a palavra escrita e manchar sua firma e biografia.
Na era de Ricardo Coutinho, a primeira desonra vem do silencio
sobre o que o povo tem direito de saber sobre o governo como instituição
democrática. Ele transformou o organismo publico em coisa de sua propriedade
exclusiva. Isso ainda não é uma mentira ou farsa: È um golpe.
Depois RC criou um mecanismo de gestão em que o povo
somente pode conhecer o que ele mostra ou o do que ele fala. Ai, sim, é uma
mentira e uma farsa, porque seu governo tem uma face inteiramente deferente do
que ele mostra e os números são absurdamente divergentes do que ele fala. E
toda vez que o povo tem como saber a verdade, a palavra de RC fica sem valer
nada. Ficam os dois.
De mentiras em mentiras flagradas, todas reiteradas até na
propaganda oficial, RC vai consolidando um estilo de governar em que a verdade
não está a cargo do governante e nem tem a ver com o cargo que ele ocupa. Isso
não é só uma mentira e também uma farsa: é um crime de improbidade, por causa
da desonra à representação política, atentando às regras administrativas e
ofensa aos padrões morais que a sociedade exige dos homens públicos no
exercício das funções delegados.
Mas o povo também é capaz de mentir. E mentiu nas urnas.
Isso é ao mesmo tempo uma farsa. Se não for um crime popular.
Este
artigo integrará o futuro livro:
‘PREVISÕES
POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO
Um comentário:
Esse que se diz "analista político" aí de cima é o pior de todos os farsantes, é um verdadeiro descarado.
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