"Eu já disse, com todas as letras, que tenho, pessoalmente,
profundo respeito pela instituição Parlamento. Acho fundamental que nós
tenhamos harmonia entre os Poderes. No entanto, eu, numa sala reservada, emiti
uma opinião que não foi elaborada, que foi feita naquele momento, e que diz o
seguinte, sem sofismas, muito bonito, discurso bonito se tentar colocar alguém
contra alguém. Infelizmente não é essa a minha intenção, não é esse o meu
objetivo.
Estou aqui, com toda a humildade, em respeito a esta Casa, em respeito
ao Parlamento brasileiro. Já disse e repito: não tenho problema nenhum em me
desculpar com quem tenha se julgado agredido injustamente.
Eu vou repetir com cautela, com calma, a frase, embora não tenha sido
uma frase elaborada e nem tinha sido dita em local público. A divulgação foi
feita a partir de uma gravação sem a minha autorização, o que, por si só, já
colocaria isso como prova — não sou advogado, sou engenheiro civil — nula, porque
é uma gravação feita sem a minha autorização, feita em um local reservado.
Vou repetir a frase, procurando fazê-la da forma mais didática
possível para que não se coloque ninguém contra ninguém, nem ninguém entenda
que está a salvo dessa ou acusado daquela expressão de uma frase que foi
subdividida. Vamos lá:
Meus amigos estudantes, aprovar o Orçamento não é uma questão que diga
respeito só ao Executivo. Isso tem a ver com o Legislativo. A base do Executivo
nem sempre é uma base que esteja de fato comprometida com o que está
comprometido o Executivo. Isso é um defeito — é um parênteses que abro — do
modelo presidencial Parlamentar que nós temos hoje no nosso País e que,
certamente, já foi e ainda será motivo de muitos impasses, porque quem governa
não tem a responsabilidade do Legislativo e quem está no Legislativo não tem a
responsabilidade de governar, em grande parte. Há 400, digo melhor, 300,e isso
pode ser um número menor de Deputados, para os quais quanto pior melhor.
Isso tem a ver com essa disputa de poder entre o Legislativo e o
Executivo, o modelo brasileiro que existe hoje e que precisa, a meu juízo, ser
reformado.
A partir daí eu faço observações, e não necessariamente todas dizem
respeito aos 400 ou 300 Deputados. Se somarmos todas, uns que querem achacar. E
achacar é criar dificuldade para obter facilidade. Pode ser entendido assim:
criar dificuldade..."
(Alguém o interrompe, manda ele "calar a boca" e diz que ele
"parece um anjo falando". Cid retoma a palavra)
"Estou muito longe, estou muito longe de ser anjo. Mas é muito
comum se criar dificuldade para se conseguir facilidades.
Como é que são facilidades no Executivo? Minhas Sras. e meus Srs.
Deputados, o povo tem tirocínio! Todo mundo compreende. E hoje há aí uma
pesquisa que mostra qual é a visão do povo em relação aos poderes constituídos
no nosso País. É essa a visão que o povo tem.
Então, alguns querem criar dificuldades para conseguir mais um
Ministério. Eu estarei mentindo se assim o disser?
Alguns querem criar mais dificuldades. Por exemplo, tinha um que só
tinha cinco. Criou dificuldades, criou empecilhos e conquistou o sexto. Agora,
quer o sétimo. Vai querer o oitavo. Vai querer a Presidência da República, e
isso é disputa de poder até certo ponto, até certo ponto natural e legítimo da
democracia. Quando se começa a fazer isso, ameaçando uma pessoa séria… Eu erro
muito pouco. Perdoem-me. Eu vim do nada. Eu vim do nada e para o nada eu vou.
Eu saí da minha pequena cidade de Sobral e para ela voltarei. E quero voltar de
cabeça erguida pelos anos que tenho dedicado à coisa pública. Eu aceitei ser
Ministro da Presidenta Dilma porque confio nela, porque tenho absoluta
convicção de que ela é séria. (Manifestação no plenário.) Eu tenho absoluta
convicção de que ela é bem intencionada e é vítima de diversos setores da
sociedade brasileira entre os quais políticos, entre os quais empresários.
Enfim, não é meu dever aqui nominar ninguém. Eu me sinto livre para emitir
opiniões. Como Ministro, procurem uma declaração minha que não tenha sido
limitada absolutamente à educação em ambientes públicos! O respeito que eu
tenho e a atenção que eu tenho pelo Parlamento foram demonstrados. Eu estou
há2,5 meses no Ministério e estive aqui nesta Casa três vezes. Esta é a quarta
em 2,5 meses. Isso, a meu juízo, é respeito a esta Casa.
Vim para uma reunião do meu partido, com a bancada do meu partido,
depois, vim para a Liderança do Governo em duas oportunidades e fiquei aqui à
disposição, uma delas até meia-noite, até meia-noite, recebendo quem queria
tratar de qualquer assunto relativo ao Ministério da Educação. Isso significa
respeito. E eu, institucionalmente, mais do que isso, tenho o dever, tenho o
dever.
Não fui eu que procurei fazer com que essa frase fosse divulgada. Não
fui eu que permiti. Eu já disse e repito: eu não tenho feito proselitismo,
nunca fiz proselitismo disso! Nunca fiz! Eu sou contra e condeno o oportunismo.
Não é porque alguém está mal, está numa situação difícil, que se pode
tripudiar. Ao contrário, da minha parte é o contrário: se alguém está mal, eu
vou querer ajudar.
Enfim, Sras. e Srs. Deputados, na Grécia Antiga, havia filósofos,
aqueles que amam a verdade, e havia sofistas. Sofistas, infelizmente, são muito
comuns hoje em dia. Prefere-se fazer o proselitismo em vez de se de ter o
mínimo de consideração e respeito pela opinião das outras pessoas.
Eu não sou o Ministério Público. O Ministério Público é uma
instituição à parte. É o Ministério Público que tem o dever de investigar, de
procurar, de identificar pessoas que agem fora da lei.
Não é o meu papel. Repito: não quero fazer proselitismo disso.
Respeito o Parlamento. Agora, perdoem-me. Eu não posso chegar aqui e dizer que
o que eu disse eu não disse. Ainda que não houvesse gravação, eu não faria
isso, mas há uma gravação e eu não tenho como mudar.
Se alguém for ver, isso reflete uma opinião pessoal, fora da postura e
conduta do Ministério. Se isso não pode, na visão de alguns, na minha, é
perfeitamente separável."
No link a seguir, você pode ver o trecho do discurso em que Cid Gomes
manda os deputados "largarem o osso".
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