quinta-feira, 19 de março de 2015

Cid Gomes critica "oportunismo" e manda deputados "largarem o osso"

"Eu já disse, com todas as letras, que tenho, pessoalmente, profundo respeito pela instituição Parlamento. Acho fundamental que nós tenhamos harmonia entre os Poderes. No entanto, eu, numa sala reservada, emiti uma opinião que não foi elaborada, que foi feita naquele momento, e que diz o seguinte, sem sofismas, muito bonito, discurso bonito se tentar colocar alguém contra alguém. Infelizmente não é essa a minha intenção, não é esse o meu objetivo.

Estou aqui, com toda a humildade, em respeito a esta Casa, em respeito ao Parlamento brasileiro. Já disse e repito: não tenho problema nenhum em me desculpar com quem tenha se julgado agredido injustamente.

Eu vou repetir com cautela, com calma, a frase, embora não tenha sido uma frase elaborada e nem tinha sido dita em local público. A divulgação foi feita a partir de uma gravação sem a minha autorização, o que, por si só, já colocaria isso como prova — não sou advogado, sou engenheiro civil — nula, porque é uma gravação feita sem a minha autorização, feita em um local reservado.

Vou repetir a frase, procurando fazê-la da forma mais didática possível para que não se coloque ninguém contra ninguém, nem ninguém entenda que está a salvo dessa ou acusado daquela expressão de uma frase que foi subdividida. Vamos lá:

Meus amigos estudantes, aprovar o Orçamento não é uma questão que diga respeito só ao Executivo. Isso tem a ver com o Legislativo. A base do Executivo nem sempre é uma base que esteja de fato comprometida com o que está comprometido o Executivo. Isso é um defeito — é um parênteses que abro — do modelo presidencial Parlamentar que nós temos hoje no nosso País e que, certamente, já foi e ainda será motivo de muitos impasses, porque quem governa não tem a responsabilidade do Legislativo e quem está no Legislativo não tem a responsabilidade de governar, em grande parte. Há 400, digo melhor, 300,e isso pode ser um número menor de Deputados, para os quais quanto pior melhor.

Isso tem a ver com essa disputa de poder entre o Legislativo e o Executivo, o modelo brasileiro que existe hoje e que precisa, a meu juízo, ser reformado.

A partir daí eu faço observações, e não necessariamente todas dizem respeito aos 400 ou 300 Deputados. Se somarmos todas, uns que querem achacar. E achacar é criar dificuldade para obter facilidade. Pode ser entendido assim: criar dificuldade..."

(Alguém o interrompe, manda ele "calar a boca" e diz que ele "parece um anjo falando". Cid retoma a palavra)

"Estou muito longe, estou muito longe de ser anjo. Mas é muito comum se criar dificuldade para se conseguir facilidades.

Como é que são facilidades no Executivo? Minhas Sras. e meus Srs. Deputados, o povo tem tirocínio! Todo mundo compreende. E hoje há aí uma pesquisa que mostra qual é a visão do povo em relação aos poderes constituídos no nosso País. É essa a visão que o povo tem.

Então, alguns querem criar dificuldades para conseguir mais um Ministério. Eu estarei mentindo se assim o disser?

Alguns querem criar mais dificuldades. Por exemplo, tinha um que só tinha cinco. Criou dificuldades, criou empecilhos e conquistou o sexto. Agora, quer o sétimo. Vai querer o oitavo. Vai querer a Presidência da República, e isso é disputa de poder até certo ponto, até certo ponto natural e legítimo da democracia. Quando se começa a fazer isso, ameaçando uma pessoa séria… Eu erro muito pouco. Perdoem-me. Eu vim do nada. Eu vim do nada e para o nada eu vou. Eu saí da minha pequena cidade de Sobral e para ela voltarei. E quero voltar de cabeça erguida pelos anos que tenho dedicado à coisa pública. Eu aceitei ser Ministro da Presidenta Dilma porque confio nela, porque tenho absoluta convicção de que ela é séria. (Manifestação no plenário.) Eu tenho absoluta convicção de que ela é bem intencionada e é vítima de diversos setores da sociedade brasileira entre os quais políticos, entre os quais empresários. Enfim, não é meu dever aqui nominar ninguém. Eu me sinto livre para emitir opiniões. Como Ministro, procurem uma declaração minha que não tenha sido limitada absolutamente à educação em ambientes públicos! O respeito que eu tenho e a atenção que eu tenho pelo Parlamento foram demonstrados. Eu estou há2,5 meses no Ministério e estive aqui nesta Casa três vezes. Esta é a quarta em 2,5 meses. Isso, a meu juízo, é respeito a esta Casa.

Vim para uma reunião do meu partido, com a bancada do meu partido, depois, vim para a Liderança do Governo em duas oportunidades e fiquei aqui à disposição, uma delas até meia-noite, até meia-noite, recebendo quem queria tratar de qualquer assunto relativo ao Ministério da Educação. Isso significa respeito. E eu, institucionalmente, mais do que isso, tenho o dever, tenho o dever.

Não fui eu que procurei fazer com que essa frase fosse divulgada. Não fui eu que permiti. Eu já disse e repito: eu não tenho feito proselitismo, nunca fiz proselitismo disso! Nunca fiz! Eu sou contra e condeno o oportunismo. Não é porque alguém está mal, está numa situação difícil, que se pode tripudiar. Ao contrário, da minha parte é o contrário: se alguém está mal, eu vou querer ajudar.

Enfim, Sras. e Srs. Deputados, na Grécia Antiga, havia filósofos, aqueles que amam a verdade, e havia sofistas. Sofistas, infelizmente, são muito comuns hoje em dia. Prefere-se fazer o proselitismo em vez de se de ter o mínimo de consideração e respeito pela opinião das outras pessoas.

Eu não sou o Ministério Público. O Ministério Público é uma instituição à parte. É o Ministério Público que tem o dever de investigar, de procurar, de identificar pessoas que agem fora da lei.

Não é o meu papel. Repito: não quero fazer proselitismo disso. Respeito o Parlamento. Agora, perdoem-me. Eu não posso chegar aqui e dizer que o que eu disse eu não disse. Ainda que não houvesse gravação, eu não faria isso, mas há uma gravação e eu não tenho como mudar.

Se alguém for ver, isso reflete uma opinião pessoal, fora da postura e conduta do Ministério. Se isso não pode, na visão de alguns, na minha, é perfeitamente separável."
No link a seguir, você pode ver o trecho do discurso em que Cid Gomes manda os deputados "largarem o osso".

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