Num evento épico, em que água
finalmente chegou ao sertão depois de mais de um século de espera, mais de
vinte mil pessoas exaltaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
presidente eleita, mas deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, que conceberam e
executaram a transposição do São Francisco; “O presidente Lula deixou um
projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento", disse
Dilma; “Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era carcaças
de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar a fome,
não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não tínhamos
cisternas para o homem da terra", lembrou o governador Ricardo
Coutinho; “Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos
de Deus. Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou
Lula, no ponto alto da festa; “Se querem me crucificar, criem vergonha e
não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi. Essa gente
não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste é
ignorante, ignorantes são eles”, afirmou.
A cidade de Monteiro, no sertão
da Paraíba, presenciou um evento épico, neste domingo 19, dia de São José, em
que a presidente eleita Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de 2016, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Ricardo Coutinho fizeram
a inauguração popular da transposição do São Francisco, uma obra que beneficia
12 milhões de nordestinos atingidos pela seca e é a principal realização
brasileira nas últimas décadas.
Idealizada pelo Imperador Dom
Pedro II em 1877, depois de uma grande seca no Nordeste, a obra só começou a
sair do papel no governo do ex-presidente Lula e foi construída na gestão de
Dilma. Duas semanas atrás, Michel Temer, que chegou ao poder depois do golpe
parlamentar de 2016, fez uma inauguração formal, mas teve que se esconder da
população, que não o reconhece como ocupante legítimo do cargo que exerce.
Neste domingo, mais de vinte mil pessoas se dirigiram a Monteiro, num evento que
foi chamado de "Lulapoalooza" e teve direito a apresentação de
artistas locais e de nomes consagrados, como o cantor e compositor paraibano
Chico César.
O senador Humberto Costa (PT-PE)
lembrou os obstáculos da transposição. "Diziam que era faraônica, diziam
que não sairia do papel e a transposição está aí. Isso é só o começo da
redenção do Nordeste", afirmou. "O povo quer de volta o maior
presidente da História do Brasil. E quando o povo quer, não tem Moro, não tem
Globo, não tem Judiciário que impeça". Vagner Freitas, presidente da
Central Única dos Trabalhadores, também discursou e disse que a história
começou a mudar no dia 15 de março, quando 1,5 milhão de brasileiros foram às
ruas contra a reforma da Previdência. "Um Congresso corrupto não vai tirar
nossos direitos", disse ele. Em vários momentos, os discursos eram
interrompidos com gritos de "Fora Temer".
O governador paraibano, Ricardo
Coutinho, exaltou a figura de Lula. “Para fazer essa obra não podia ser membro
da elite, tinha que ser do povo, tinha que ser de Garanhuns”, disse ele.
Coutinho destacou, em sua fala da inauguração popular da transposição do Rio
São Francisco, a vitória do povo contra o coronelismo. “Nós sabemos o que
era o Nordeste, o que não faltava era carcaças de animais na seca, pessoas
invadindo mercearias para saquear e matar a fome, não tínhamos Universidade,
não tínhamos Institutos federais, não tínhamos cisternas para o homem da
terra.”
Dilma falou do projeto recebido
de Lula e de como executou a obra. “O presidente Lula deixou um projeto
pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento. Vejam vocês a cara de
pau de dizerem que a obra podia ser feita e resolvida em 6 meses”, afirmou
Dilma. Ela ainda declarou que o governo atual “nunca levantou um dedo
pela Transposição”, e chamou a população para votar as urnas em 2018, elegendo
Lula como presidente. “Esse golpe ainda está em andamento, e não deixaremos que
nos impeçam de competir em 2018. Ganharemos essa eleição em outro de 2018.
Vamos exigir que haja eleição, que os competidores não sejam impedidos de
competir. No tapetão não. Em 2018 teremos um encontro com a democracia e vamos
vencer mais uma vez as eleições", acrescentou.
"Querem me crucificar"
No encerramento, um Lula
emocionado também emocionou o público presente. "Sair de onde eu saí, e
chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus. Conseguir iniciar essa obra e
vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou.
“Se querem crucificar, criem
vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi.
Essa gente não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste
é ignorante, ignorantes são eles”, acrescentou.
Lula finalizou seu discurso
afirmando que são sabe quanto tempo mais tem de vida, mas garantiu que “se
tiver um só minuto será para lutar, levantar o povo nordestino”.
* Com informações do portal WSCom
Por Aquiles Lins, enviado especial a Monteiro (PB)
Foto: Ricardo Stuckert
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