O isolamento social, a fim
de evitar a propagação do coronavírus, impôs as pessoas uma mudança radical no
estilo de vida. Somando-se ao medo de ser contaminado, à impossibilidade do
contato físico, entre outros fatores, a situação acaba trazendo transtornos
também à saúde mental da população.
Para falar mais sobre esse assunto, convidamos a Dra. Micaela Mota
Morais, Médica da Policlínica SEDARE com Pós-Graduação em Psiquiatria:
Quais são os principais
sintomas psicológicos que podem aparecer em momentos como esse de pandemia e
quarentena que estamos vivendo?
Os sintomas psicológicos estarão relacionados com as fases da epidemia.
A primeira fase é caracterizada por uma mudança radical de estilo de vida. A
primeira reação é a do medo de ser contaminado pelo vírus invisível que se
aproxima. As dificuldades começam a surgir com a necessidade da redução e
distanciamento do contato físico. A primeira reação é de estresse agudo relacionado
com a pandemia que ocasiona uma circunstância súbita e inesperada. A segunda
fase da epidemia está relacionada com o confinamento compulsório, que exige uma
forçada mudança de rotina. Nesta fase, são comuns as manifestações de
desamparo, tédio e raiva pela perda da liberdade. É uma reação de ajustamento
situacional caracterizado por ansiedade, irritabilidade, e desconforto em
relação à nova realidade. A terceira fase está relacionada com as possíveis
perdas econômicas e afetivas decorrentes da epidemia. As pessoas confinadas
terão perdas econômicas importantes.
O que fazer em caso de sintomas de ansiedade e depressão?
As reações emocionais ao
estresse da pandemia são normais. A ansiedade preocupa quando o foco de
apreensão expande os limites relacionados com a pandemia, ela invade outras
faces da vida como a familiar, conjugal e profissional. Na depressão, o
indivíduo deixa de ter interesse pelas atividades que gostava, é invadido por
intensa tristeza, sente uma irritabilidade incontrolável, sensação de fadiga,
desgaste emocional, insônia, pensamentos negativos e até idéias suicidas. É
muito comum a coexistência de sintomas depressivos e de ansiedade. Quando a
ansiedade e a depressão começam a afetar a funcionalidade, é sinal que se deve
buscar ajuda profissional qualificado.
Momentos de crise como esse geram mais casos de pânico? Como evitar uma
crise de pânico nessa situação?
O estresse é fator de
risco para vários transtornos mentais. O pânico pode ser disparado nos casos de
maior ansiedade. É provável que nesta segunda fase da doença, a do
confinamento, possa haver uma incidência maior de pânico. O que reduz o
estresse é se manter ativo nas redes sociais, obter informação de qualidade,
buscar um ócio criativo, manter o humor, e atividade física regular. O
gerenciamento das preocupações, medos e conceitos falsos no nível comunitário é
tão importante quanto o cuidado de pacientes individuais.
Idosos estão no grupo de risco da covid-19. A saúde mental deles tende a
ficar mais comprometida?
É um grupo que precisamos mostrar cuidado, vão tender a ficar mais
isolados e isso afeta a saúde mental, principalmente a depressão. Temos que
mantê-los ligados através da comunicação contínua que hoje pode ser feita de
forma virtual,demonstrar empatia e afeto, ajudá-los quando preciso nas
atividades e outras eventuais necessidades que a idade restringe.
Como lidar com crianças
especiais neste momento?
As crianças vão exigir mais do que exigem em tempos normais. Elas têm
mais dificuldade em mudanças de rotina. Buscar uma nova rotina é essencial para
elas se sentirem mais seguras.
Qual é a melhor forma de ajudar pessoas com a saúde mental abalada, em
meio a pandemia?
O maior obstáculo é o preconceito e a falta de informação. Muito
importante alertar que a pessoa não está bem e que precisa de humildade para
buscar ajuda profissional qualificada. Vamos ter vários casos decorrentes das
perdas econômicas, profissionais e afetivas, ligar este alerta público é
fundamental para superarmos este momento. É um período que vamos perder na
economia, mas podemos ganhar muito em humanidade. É um momento sem precedentes
para se combater o egoísmo e o imediatismo. É a primeira vez que teremos de
agir como nação, e renunciar às recompensas imediatas para lucrarmos no futuro.
A Dra.Micaela atende de segunda a sexta na Policlínica SEDARE em
Patos-PB.
Fone:83 2147-0186
WhatsApp: 83 9885-1217
Portal 40 Graus
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