Nascida em 10 de junho de 1958,
em uma fazenda do senhor Francisco Pergentino, seu vizinho na época, no Sítio
Mimoso, na Vila Picotes, zona rural de São Mamede, Região Metropolitana de
Patos, filha da senhora Ernestina Morais de Lucena (Neném Seriema), de 84 anos,
e do senhor Inácio Morais de Lucena (Inácio Seriema), falecido em 2014, a
menina Lúcia de Fátima Morais de Lucena não teve seu desejo realizado: estudar.
A menina na sua “passagem de tempos”, como era conhecido na época o primeiro
ciclo menstrual de uma adolescente, não resistiu a uma grande hemorragia, e
faleceu em 31 de agosto de 1969, aos 11 anos, deixando em todos uma enorme
saudade.
Mentalidade de uma criança de
dois anos, os médicos diziam que a menina, mesmo sendo robusta, a sua capacidade
de desenvolvimento intelectual seria improvável, pois o intelecto não
acompanhava a idade. Mesmo sendo levada à Recife, Santa Luzia e São Mamede,
para vários médicos, nada puderam fazer para impedir o avanço da hemorragia,
pois os tempos eram muito difíceis, a tecnologia não era tão avançada. Ela
sempre foi bem cuidada pela família e principalmente pela mãe. Lúcia teve sua
passagem terrena muito precoce.
Dona Neném, sua mãe, relatou com
muita firmeza seus passos e seu jeito de ser: menina meiga, carinhosa e amável,
adorava ouvir a missa pelo rádio, e tinha muita vontade de estudar, passava
horas e horas com uma folha em branco e um lápis, tentando escrever. Dizia
sempre: “Vou esquever o nome de painha”, mas nada sabia escrever a não ser
rabiscos. A mãe relata ainda que em uma das consultas, que precisou ir à cidade
de Santa Luzia, Lúcia apontando para três freiras que passavam pela rua, disse
que queria um “vetido” igual ao delas. Era uma quarta-feira, quando chegou em
casa com dois dias, percebeu-se que ela estava piorando, vieram à cidade de São
Mamede buscar um médico que a examinou e em seguida encaminhou novamente para a
cidade de Santa Luzia. Ela só piorava, e faleceu no domingo da mesma semana,
sendo sepultada com um vestido branco igual ao que ela tanto admirou das
freiras avistadas por ela. “A maior dor sentida”, sempre diz dona Neném.
A Escola Municipal de Educação
Infantil e Ensino Fundamental Lúcia de Fátima Morais de Lucena foi fundada no
ano de 1989, sendo iniciada sua construção no ano de 1988, na administração do
senhor José Pequeno de Oliveira, prefeito na época, que tinha como secretária
de Educação a professora Maria do Céu Oliveira Carvalho.
Sua fundação teve como decreto de
criação a Lei nº 281/90, datada de 27/08/1990, onde a mesma, que tinha o nome
de Regina Francisca de Jesus, passou a ser chamada de Lúcia de Fátima Morais de
Lucena em homenagem a menina Lúcia de Fátima Morais de Lucena que nunca teve
como participar do convívio escolar.
A escola carrega a
responsabilidade social de educar, de ensinar a ler e a escrever há quase 31
anos: esse era um grande desejo dela. Essa ideia de homenagear a menina e a
família partiu da primeira dama na época (Kilma Morais) e foi aprovada na
Câmara Municipal por todos os vereadores e pelo então prefeito constitucional
Francisco das Chagas Lopes de Souza.
Devido à grande distância do
Conjunto Agenor Rique Ferreira para o centro da cidade e pelo grande
contingente de crianças em idade escolar, a administração do município,
atendendo ao apelo da comunidade, interessou-se pela construção do prédio que
de início seria um hospital e por falta de recursos, o mesmo foi utilizado para
se implantar a escola.
Ampliada e reformada no ano de
2020, pelo atual prefeito Umberto Jerfferson, a escola ganhou mais espaço,
tornando-se uma escola com uma estrutura excelente, talvez se comparar a melhor
estrutura escolar da cidade, ganhou um amplo auditório, que recebeu em memória
o nome de José Cândido de Medeiros Neto (Zezinho Cândido), e um espaçoso
refeitório que recebeu o nome do saudoso Jeová Lucena de Araujo, inaugurados em
1º de maio de 2020, na emancipação política da cidade. A Escola oferece a
comunidade o Ensino Infantil e Fundamental I, e durante sua existência teve
como diretores o senhor Nelson de Assis Medeiros, a assistente social Maria de
Fátima Alves, a professora Ana Lúcia da Conceição, a professora Rafaela Silva
de Macedo Rocha e, atualmente está como diretor escolar da unidade, o professor
Diogo Araujo dos Santos.
Lúcia de Fátima não pôde estudar,
mas a escola que carrega o seu nome está formando pensadores, crianças
brilhantes e futuros profissionais de sucesso. A escola é um ambiente acolhedor
e de extrema importância para a vida de uma criança.

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