Mostrar ou não mostrar ao
presidente Jair Bolsonaro? Essa era a questão que até o último fim de semana
afligia alguns ministros que tiveram acesso a uma pesquisa de intenção de voto
aplicada há mais ou menos 15 dias no Brasil sobre as eleições do ano que vem.
A pesquisa foi encomendada por um
banco a uma empresa americana. Se a eleição presidencial tivesse acontecido
naqueles dias, Lula derrotaria Bolsonaro por 44% contra 22% no primeiro turno.
Não haveria segundo turno.
Não cansa repetir que pesquisa é
retrato de um momento, e que a política, como diziam os mais antigos, é como
uma nuvem: você olha agora e ela se apresenta de um jeito; volta a olhar daqui
a pouco e o jeito mudou.
Faltam 16 meses para a eleição.
Lula conhece o valor relativo das
pesquisas de intenção de voto feitas com tanta antecedência. Disputou cinco
eleições presidenciais desde o fim da ditadura militar de 64, perdendo três e
vencendo duas. Ajudou Dilma a se eleger duas vezes.
Esta é a fase da costura de
alianças, tanto para ele quanto para os demais aspirantes a candidato,
inclusive Bolsonaro, seu principal adversário. Bolsonaro tem o poder da caneta
presidencial e está em campanha desde que tomou posse.
A reeleição para os cargos de
presidente, governador e prefeito só passou a existir no Brasil a partir de
1997. Foi justamente para evitar que Lula vencesse no ano seguinte. Desde
então, todos os presidentes se reelegeram e só poucos governadores não.
De fato, a próxima eleição está
polarizada por Lula e Bolsonaro, o que dificulta as chances de que surja um
candidato alternativo aos dois. Não significa, porém, que isso esteja escrito
nas estrelas para sempre. Vá até a janela e olhe o céu. Mais tarde, olhe outra
vez. O tempo é o senhor da razão.
Ricardo Noblat - Blog do Noblat
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