Feira de assentados vende 20 toneladas de produtos orgânicos na Paraíba


Alface, feijão verde, fava, tomate, pimentão, cenoura, quiabo, macaxeira, batata doce, inhame, milho, umbu, melancia, banana, mangaba, acerola, coentro, cebolinha, manjericão, rúcula, ovos de galinha de capoeira, plantas medicinais e comidas típicas a exemplo de pamonha, canjica, bolo de milho, tapioca, mungunzá e pão integral de soja. Esses foram alguns itens da grande variedade de produtos comercializados na Primeira Feira Camponesa da Agricultura Familiar da Paraíba, realizada no Ponto de Cem Réis, em João Pessoa, nesta terça-feira (23). Os agricultores familiares conseguiram vender cerca de 20 toneladas de alimentos produzidos sem agrotóxicos.

A feira contou com a participação de mais de 200 representantes de diversos assentamentos da reforma agrária e teve como objetivos divulgar a agricultura familiar dos assentamentos e comemorar o Dia do Agricultor, festejado em 28 de julho.

Para o superintendente regional do Incra/PB, Cleofas Caju, a feira foi mais uma oportunidade de mostrar à população da cidade que a agricultura familiar é a responsável por 73% dos alimentos que chegam à mesa da população. “É importante destacar que todos os alimentos vendidos na feira são cultivados sem nenhum tipo de agrotóxico. Isso mostra que é possível desenvolver uma agricultura saudável, que traz saúde para a população, e que os assentamentos da reforma agrária estão servindo de exemplo”, disse Caju.

A feira foi realizada através de uma parceria entre o Centro de Comercialização da Agricultura Familiar (Cecaf) - da Prefeitura de João Pessoa/PB -, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Incra/PB, Mandato do deputado estadual Frei Anastácio (PT), Associação agroecológica dos Agricultores e Agricultoras da Várzea paraibana (Ecovárzea), Associação agroecológica dos Agricultores e Agricultoras do Litoral Sul paraibano (Ecosul), Associação agroecológica dos Agricultores e Agricultoras do município de Caaporã (Ecocap), Sebrae e Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Local Sustentável (IDS), que atua como articulador nas áreas de assentamentos e equipes técnicas do Incra, desde 2012.

O evento contou com a participação das equipes de assistência técnica do Incra/PB, que expuseram e divulgaram experiências de sucesso desenvolvidas por assentados na produção e comercializado de produtos, bem como na captação de políticas públicas. Uma das tecnologias sociais apresentadas foi a geladeira artesanal, que vem sendo utilizada nas unidades demonstrativas implantadas pelas equipes de assistência técnica nos assentamentos paraibanos. Feita com dois potes de cerâmica colocados um dentro do outro, com o espaço entre eles preenchido com areia molhada, a geladeira artesanal mantém água e alimentos frescos por até 24 horas ao custo de R$ 35.

Outra tecnologia social apresentada pela assistência técnica foi o Kit de R$ 750 para produção de energia solar com placa, bomba de 12 watts, regulador de tensão, bateria e painel solar artesanal. A energia produzida pode ser utilizada na irrigação da produção.

O resultado da feira foi tão bom que muitas pessoas que compraram alimentos reivindicaram que ela seja realizada no local uma vez por semana. Segundo Cleofas Caju, a mesma intenção foi externada pelos assentados. “Diante do grande apelo, nós já começamos a fazer gestão junto aos parceiros para viabilizar a realização da feira pelo menos uma vez por semana”, anunciou Caju.

Para a irmã Tânia Sousa, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a feira é resultado da boa experiência do Dia Estadual de Combate ao Uso de Agrotóxicos, (19 de março), que teve uma ação semelhante, no mesmo local, na capital paraibana. “Não podemos deixar de repetir essa experiência. É uma oportunidade de trazer alimentos saudáveis para a cidade e mostrar que a agricultura familiar é quem sustenta o mercado interno. A feira também dá oportunidade para o assentado aumentar a renda familiar vendendo sua produção diretamente ao público”, destacou Tânia.

O deputado estadual Frei Anastácio (PT) anunciou que o mandato dele está pronto para manter a parceria com o Incra e as outras entidades realizadoras da feira. “Não podemos deixar essa boa experiência chegar ao fim. A feira é um exemplo de que a reforma agrária é viável e tem produção de qualidade”, afirmou o parlamentar, acrescentando que a Paraíba já possui outras 31 feiras agroecológicas fixas espalhadas pelo estado.

Produtos de qualidade
A dona de casa Analice Morais, 56 anos, estava a caminho do médico quando viu a feira. A ex-agricultora se encantou com a qualidade dos produtos e comprou fava, mangaba, coentro, quiabo, couve e bolo de mandioca na barraca do Assentamento Padre Gino, em Sapé. “Aqui só tem coisas saudáveis. É maravilhoso porque a gente vê que é tudo fresco”, afirmou.

Maria da Aurora, 53 anos, e seu vizinho, José Antônio da Silva, 61 anos, que dividiam a barraca do Assentamento Padre Gino, levaram uma produção variada para a feira. “As feiras foram as melhores coisas que inventaram para nós agricultores porque a gente se livra dos atravessadores”, afirmou Seu José Antônio, acrescentando que há 12 anos comercializa sua produção na feira agroecológica que é realizada às sextas-feiras no campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em João Pessoa.


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