Missa na praça dos três poderes, em João Pessoa, marca vigília por justiça em julgamento de trabalhadores

Cerca de 200 trabalhadores rurais de vários municípios do estado, além de representantes de diversas entidades sindicais, de movimentos sociais e de direitos humanos participaram de uma missa campal, na Praça João Pessoa, hoje (27), pela manhã, pedindo justiça para sete trabalhadores rurais que estão sendo julgados hoje, no Fórum Criminal, na capital.

O deputado estadual Frei Anastácio (PT), que fez pronunciamento sobre o assunto na Assembleia Legislativa, disse que os trabalhadores foram acusados injustamente de promover uma emboscada que teria tirado a vida de um vaqueiro e ferido a bala o policial civil, Sergio Azevedo, 15 anos atrás.

“Esse atentado aconteceu às 19h30, numa estrada sem iluminação, na zona rural de Mogeiro, e o policial disse na acusação que reconheceu todos os trabalhadores. Uma mentira deslavada. Seria impossível alguém de moto, a uma velocidade de 6º quilômetros por hora, reconhecer tanta gente no meio de um tiroteio e à noite”, disse o deputado.

Frei Anastácio argumentou que esse reconhecimento, para qualquer ser humano seria impossível. Mesmo assim, os trabalhadores foram presos e passaram um ano e sete meses atrás das grades. “O policial Sergio Azevedo era cheio de inimigos.Tanto é que foi assassinado anos depois, em Bayeux,numa situação que a polícia ainda não explicou direito”, destacou o deputado.

De acordo com Frei Anastácio, a acusação promovida pelo Ministério Público do Estado da Paraíba contra os trabalhadores rurais se constitui num dos maiores processos de criminalização da luta pela Reforma Agrária no Brasil. E durante a detenção e prisão dos trabalhadores foram relatados diversos abusos e constrangimentos.

Entre esses abusos estão a falta de acesso aos seus advogados, tortura física e psicológica, humilhações e perseguições aos familiares. “Todos esses fatos foram devidamente contextualizados e enviados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, às relatorias especiais da ONU e aos órgãos de proteção dos direitos humanos no Brasil”, relatou o deputado.

O petista disse que, mesmo diante de tais fatos e campanhas nacionais e internacionais pela liberdade dos trabalhadores, eles ficaram presos durante um ano e sete meses de forma injustificada. Só foram liberados após decisão do Superior Tribunal de Justiça, em 19 de dezembro de 2003.

“Quero deixar registrado que Severino dos Ramos dos Santos (Raminho), um dos trabalhadores acusados, faleceu em decorrência de doença cardíaca desenvolvida durante a prisão. Outro trabalhador, Severino José da Cruz, Seu Dino, também desenvolveu doença cardíaca e diabetes durante a prisão e teve que amputar as duas pernas. Tudo consequência da injustiça”, afirmou.


O parlamentar disse que, diante dos fatos, tem plena convicção de hoje no Fórum Criminal de João Pessoa, haverá um julgamento efetivamente justo e imparcial, que implicará na absolvição dos trabalhadores acusados. “Eu acredito que a justiça não vai mandar para cadeia, trabalhadores inocentes”, concluiu.

Assessoria

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